Pular para o conteúdo principal

Tocar o céu em noites sem fim

Por: Stefane Andrade
Pensei que quando eu crescesse eu seria igual a eles
Mas eu realmente vi que eu iria desistir
Afundei-me sem ao menos perceber

Eu vi a minha vida passar pelos meus olhos
Passei minha vida toda tentando entender
Mas eu me importava muito com o que os outros viam

Deixando de viver
Deixando de fazer o que eu mais gostava
Eu realmente conheci o céu cedo demais

Eu sei que sou melhor que isso
Será que eu sou melhor que isso?
Estou vivendo a vida que eu não queria viver
E veja onde eu estou

Todo domingo eu sentava-se à mesa e parecia está viva
Então minha mãe não precisava se preocupar
Mas agora eu estou vivendo uma vida trágica debaixo dos seus olhos

Eu sempre soube orar e pedir a Deus uma vida
Eu costumava a não me arrisca
Mas agora eu nem sei o que é orar

Eu queria poder resgatar a garota que eu era
Do inferno constante que eu criei
Agora estou totalmente preta e branca
Eu era melhor que isso

Eu costumava ligar para minhas amigas
Eu me reunia como se estivesse viva
Então eles não precisavam perceber a quanto destruída eu estava

Hoje em dia eu nem sei mais o que é isso
O espelho mostra uma longa jornada
Eu era melhor que isso

Eu realmente esqueci como é olhar para céu
Eu nem sei mais como é viver
Eu deveria viver pelos meus preceitos
Mas eu sempre liguei pro que as pessoas diziam

Eu era melhor que isso
Eu pensei que seria como aqueles que me deram o meu sobrenome
Mas eu realmente conheci o céu muito cedo
Eu realmente desisti

Eu me acostumei a falar com Deus
Mas hoje eu nem sei o que é orar
E eu continuo aqui.

Instagram: @grupo.esperancar
Instagram: @Sthev.a 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Lucas, do 29 de Março.

Lucas é uma criança de 11 anos de idade, cria  do 29 de Março, filho da Regina e irmão mais velho da Ashley e Rayssa.  Apesar da pouca idade, ele sempre precisou ajudar a mãe em algumas atividades de casa e até mesmo na renda, fazendo bicos com seu tio Ailton, que é dono de um depósito de bebidas.     Todo dinheiro que Lucas ganha ele repassa pra mãe que chefia sozinha a casa sozinha com três filhos e dois gatos que pegaram no Village. Dona Regina é uma mulher de muita fé, vai à igreja toda quinta e domingo e acredita que as coisas vão mudar. Na igreja ela recebe algumas ajudas que contribuem também para a criação dos seus filhos. O sonho dela é que Lucas se torne obreiro e músico da Igreja, mas o garoto ainda não se encontrou na religião. O que Lucas gosta é de jogar futebol na praça do Samba em Santa Margarida, e soltar pipa no Village.     Todo dia ele vai até a rua Chico Mendes convocar a tropa pra descer em peso pra brincar. Enquanto vão caminhando para Santa Margarida

O Sonho Adormecido - Um conto sobre Renato Oliveira

  4h45 da manhã e o despertador toca em uma casa humilde na Baixada Fluminense. Lá mora Renato, que acorda pronto para mais um dia. Ele olha os grupos do trabalho e se lembra que hoje era o dia dele de levar o pão pro café. Sem fazer muito barulho, ele toma banho, põe a água do café pra ferver e começa a se arrumar. Depois de deixar tudo pronto pra sua esposa e filhas, ele para um momento e fica observando sua família dormindo. Cada dia de trabalho, por mais cansativo que fosse, era uma forma de manter todo mundo bem e melhorar a casa onde moravam. Ao sair de casa, encontra seus amigos e vão juntos para o ponto esperar o ônibus. A distância é grande, a estrada sempre engarrafada. Eles começam a falar do trabalho e de como as coisas estavam. Uns reclamam, outros se isentam, mas Renato prefere não comentar. Sua preocupação era verificar se o vale-refeição estava na mochila e passar na padaria pra comprar o pão e a mortadela pro café da manhã da rapaziada. O ônibus chega ainda vazio, todo

Educação e Libertação das Margens

Por Searon Cabral  O século XXI tem trazido debates contínuos acerca da educação ideal: novas metodologias, perspectivas, e a inclusão tecnológica que vem sendo debatida pela Quarta Revolução Industrial. No entanto, como disse José Pacheco, “nosso maior desafio no século XXI passou a ser reaprender a amar.” (Art: Missivas:Tavira, agosto de 2003 - Revista Educação). Esse artigo tem como objetivo compartilhar ideias de um jovem professor que acredita que a Educação do século XXI precisa ser de caráter humanitário e pioneira na luta contra as opressões e marginalização do indivíduo. Em um dia, lá em 2017, quando estava no processo de saída dos grupos de ocupação que atuaram nas escolas no ano anterior, uma angústia muito grande surgia no peito: “Como posso mudar a Educação?”. Estudante de Segunda série no Curso de Formação de Professores, o primeiro ano havia sido frustrante por perceber que, em determinados momentos, toda a minha energia foi entregue a uma ideia