4h45 da manhã e o despertador toca em uma casa humilde na Baixada Fluminense. Lá mora Renato, que acorda pronto para mais um dia. Ele olha os grupos do trabalho e se lembra que hoje era o dia dele de levar o pão pro café. Sem fazer muito barulho, ele toma banho, põe a água do café pra ferver e começa a se arrumar. Depois de deixar tudo pronto pra sua esposa e filhas, ele para um momento e fica observando sua família dormindo. Cada dia de trabalho, por mais cansativo que fosse, era uma forma de manter todo mundo bem e melhorar a casa onde moravam. Ao sair de casa, encontra seus amigos e vão juntos para o ponto esperar o ônibus. A distância é grande, a estrada sempre engarrafada. Eles começam a falar do trabalho e de como as coisas estavam. Uns reclamam, outros se isentam, mas Renato prefere não comentar. Sua preocupação era verificar se o vale-refeição estava na mochila e passar na padaria pra comprar o pão e a mortadela pro café da manhã da rapaziada. O ônibus chega ainda vazio, todo
Lucas é uma criança de 11 anos de idade, cria do 29 de Março, filho da Regina e irmão mais velho da Ashley e Rayssa. Apesar da pouca idade, ele sempre precisou ajudar a mãe em algumas atividades de casa e até mesmo na renda, fazendo bicos com seu tio Ailton, que é dono de um depósito de bebidas. Todo dinheiro que Lucas ganha ele repassa pra mãe que chefia sozinha a casa sozinha com três filhos e dois gatos que pegaram no Village. Dona Regina é uma mulher de muita fé, vai à igreja toda quinta e domingo e acredita que as coisas vão mudar. Na igreja ela recebe algumas ajudas que contribuem também para a criação dos seus filhos. O sonho dela é que Lucas se torne obreiro e músico da Igreja, mas o garoto ainda não se encontrou na religião. O que Lucas gosta é de jogar futebol na praça do Samba em Santa Margarida, e soltar pipa no Village. Todo dia ele vai até a rua Chico Mendes convocar a tropa pra descer em peso pra brincar. Enquanto vão caminhando para Santa Margarida